segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Ajenas

bem, mais uma vez, não era você. E não vai ser até que a tarde estoure meus miolos com o calor janela adentro, e sua voz caminhará com piedade e uma culpa dissimulada pelas paredes. E, como sempre, eu fecharei a porta, desculpas desculpas. E você repetirá que me entende - um sussurro depois, o cansaço que sairá de sua respiração e talvez provocará um leve movimento na gola de sua camisa.

A confusão, veja bem, é grande. E o espírito, pequeno.

Veja, note que me privo quieta, entregue às compassadas voltas das horas ajoelhadas sobre meu eu silêncio guarda atrás dos óculos e - estes - não conseguem palavra atrás de sílaba, verbo a travessão. Não tem coisa alguma, história coisa nenhuma. Só a umidade convulsa que se cobre com a escuridão e, claro, com todo o resto.

Mas você dirá que eu sou forte, e eu responderei com um trovão.

Você pedirá que eu pare, eu assentirei com os olhos baixos, desviarei até a porta, sugerindo a saída possível, a coisa muito grande.

O infinito, eu direi. Sentarei no ar, tão longe que você não ouve, não chegará a tempo de ouvir.

Eu olharei para onde o medo se desesconde, pequeno como o inseto que agora olha, desafia, derrota.

Grito.

No fim, só queria que dissesse algo, alguma coisa qualquer, bonita, e me fizesse dormir.

Na verdade, pode falar. Não tenha medo. Eu só queria saber onde estão seus olhos.

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