segunda-feira, 8 de março de 2010

Minhas expectativas em relação ao Oscar foram, felizmente, atendidas. Em nenhum momento quis ver Avatar (2009, EUA/Reino Unido) pois, sinceramente, narrativas desse gênero não me atraem, ainda mais quando se valem de super efeitos especiais. Gosto do Cinema real, de filmes que tratam de pessoas e de suas vidas, sejam elas marcadas por dramas, romances baratos, guerras ou segregação social. Não que todas as histórias tenham de se restringir ao limite da realidade "crua" (vide meu fascínio por 2001: Uma Odisseia no Espaço - que dispensa comentários -,além disso, gosto muito de Gattaca e sou fã inveterada de Harry Potter), pois é a própria fugacidade que nos transporta para além da frustração . Porém, eu gosto da catarse, de quando um filme torna-se obra de arte, de ver bons enredos contados por meio de uma bela fotografia, e não de lindíssimas sequências de imagens sem narrativa alguma (como ouvi ser o caso de Avatar).

Somente o fato de não ter visto Avatar não explica a realização dos meus anseios. Minha satisfação deve-se ao grande vencedor da noite de ontem: Guerra ao Terror (The Hurt Locker, 2008, EUA), filme brilhante e realmente merecedor dos prêmios da Academia. O longa, dirigido por Kathryn Bigelow (primeira mulher vencedora do Oscar de melhor direção), trata dos últimos dias de um esquadrão anti-bomba no Iraque, narrando as vicissitudes da rotina militar sem fazer um discurso explicitamente favorável ou contrário ao conflito (embora o próprio relato "imparcial" dos acontecimentos seja, por si só, uma crítica velada aos excessos beligerantes dos EUA). Seja pela escolha de câmeras, as quais parecem ser portadas por alguém posicionado dentro do próprio filme; seja pela ausência da altissonante (e incoerente) trilha sonora tradicionalmente usada em filmes de guerra ou seja pela narrativa humanizada do conflito (vale destacar o difícil relacionamento entre os personagens Sanborn, vivido por Anthony Mackie, e James, interpretado por Jeremy Renner), Bigelow conduziu um filme que, como poucos, foi capaz de aproximar, dentro do possível, os espectadores do que é verdadeiramente viver em uma guerra.
Enfim, meu objetivo não é fazer uma crítica sobre Guerra ao Terror, mas sim registrar meus sinceros parabéns à escolha da Academia, a qual pareceu pautar suas escolhas não pelo sucesso comercial de um filme, mas pela maestria que torna o Cinema capaz de, brilhantemente, representar parte do que é o ser humano. Não posso me esquecer, ademais, do merecidamente melhor ator coadjuvante - ainda que, para mim, ele tenha sido o protagonista de Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds, 2009, EUA/Alemanha) - deste ano: Christoph Waltz. Dono de genial interpretação, o austríaco deu vida ao coronel nazista Hans Landa, grande vilão do filme de Tarantino, que impressiona não só pela sua fria crueldade, mas pelo seu excelso domínio de idiomas. Landa transita pelo Inglês, Alemão, Francês e Italiano com uma naturalidade estonteante. Faz quatro meses que assisti a Bastardos e posso dizer que, em todo esse tempo, meus maiores elogios em relação ao filme foram destinados, indubitavelmente, à interpretação de Waltz.
Quanto a Avatar? Bem, posso ter perdido um inesquecível espetáculo tecnológico, mas posso dizer que, até agora, o dinheiro economizado foi muito bem gasto na sessão de Guerra ao Terror, obrigada. Quem sabe eu assista ao filme de James Cameron, porém, isso só acontecerá quando eu sentir vontade de fazê-lo (ainda que sem a projeção em 3D). Por enquanto, fico satisfeita ao ver um grande filme e um brilhante ator serem agraciados com o mais prestigiado prêmio da sétima arte.












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